Após cerca de oito meses em obras, o Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo deve ser inaugurado em agosto de 2008. O projeto vencedor do concurso realizado pela diretoria da instituição foi dos arquitetos Álvaro Razuk e Camila Fabrini, que pensaram na readaptação do prédio de acordo com suas novas necessidades. “O foco é readaptar o MIS para as funções de um museu de novas tecnologias. Criamos um laboratório de novas mídias, por exemplo, e levamos em consideração o acervo que o MIS possui, então uma parte dessa adaptação é melhorar a guarda”, explica Razuk.
Os sinais da reforma do prédio de 4 mil m²- construído nos anos 1970 e sede da instituição desde 1975 – começam já na entrada do museu, realocada para um espaço entre o MIS e o Mube (Museu Brasileiro da Escultura, projeto de Paulo Mendes da Rocha), e ligada à calçada da avenida Europa por uma marquise. “Mudamos a entrada para que, ao chegar ao museu, tenha-se uma compreensão melhor de suas funções.
A nova entrada dá uma leitura de tudo o que acontece dentro do museu”, define Fabrini. “O acesso e leitura do edifício ficam mais simples e interessantes assim. Procuramos nessa adaptação resolver essas questões simples de arquitetura”, completa Razuk.
A entrada contínua ao Mube atende também à vontade dos arquitetos de aproximar os dois museus por uma praça comum, que hoje possui grades que os separam. “Há o desejo de tirar a grade entre o MIS e o Mube. Assim, o visitante chegaria por uma entrada e poderia ver o outro museu, ou visitar os dois museus de uma vez”, sugere Razuk.
No projeto de readaptação do prédio, espaços que não mais atendiam as necessidades museológicas do MIS foram desativados, dando lugar a locais planejados para abrigar pesquisas e produções de vídeo, áudio e novas mídias, como o LabMIS e o Espaço Redondo. O andar superior do prédio abriga ainda uma sala de aula para cursos de novas mídias, enquanto no térreo o restaurante que funcionava dentro do museu foi retirado, garantindo uma melhor circulação e fluidez do espaço. Há um programa para um restaurante externo ao museu, que funcione independentemente do MIS, e que deve entrar em processo de licitação em breve (sob responsabilidade da Secretaria de Cultura de São Paulo).
Como resposta às especificidades de climatização, os arquitetos decidiram fechar todas as aberturas de luz natural, garantindo o controle total de luz na área expositiva. Os sistemas de ar-condicionado, elétrico e hidráulico foram refeitos, de forma que o controle de climatização é exclusivo para cada sala. Foi incorporado ainda um sistema de proteção contra incêndios que utiliza alguns gases para proteger as obras contra o fogo. “Há diversas mídias no museu, como fita magnética, vinil, etc., e cada uma tem uma demanda de temperatura e umidade, então foram feitas salas individuais para cada tipo de mídia”, detalha Razuk. Segundo o arquiteto, já há estudos que consideram fatores como a umidade local, por exemplo, para a parte de arquivamento do museu, mas a etapa de modificação interna dessas instalações ainda não foi iniciada. Com o novo projeto, o MIS terá um aumento de 40% na área destinada à guarda.
A readaptação do prédio contempla ainda a disponibilização pública do acervo no piso térreo. “Instalamos uma sala para o acervo disponível ao público, com internet livre, como já acontece em todo museu, com o objetivo de disponibilizar melhor o que o museu pode mostrar. Isso não tinha antes”, conta Fabrini.
Sob a nova disposição, o MIS passará por um plano de revitalização de seu acervo, que será tema de exposições com base no programa da curadoria do museu. “Com a readaptação, criamos condições de trabalho e de uso no prédio”, define Razuk.
Revista AU