Ficha técnica
Responsável Técnico: Camila Toledo
Responsável pelo Projeto Expográfico: Bia Lessa
Equipe de projeto:
Direção Geral, Curadoria e Expografia: Bia Lessa
Arquitetura: Camila Toledo, Shundi Iwamizu, Eduardo Gurian, Bruno Salvador, Carlo Bacchini
Arquitetos Colaboradores: Alexandre Gervasio, Carlos Augusto Arruda, Henrique Costa, Alessandra Figueiredo, Renata Serrio, Rafael Carvalho, Andrei Barbosa, Erico Botesselli, Leonardo Nakaoka, Fernanda Britto, Artur Mei
Engenheira: Heloisa Maringoni
Consultoria: Paulo Mendes da Rocha, Luiz Alberto Oliveira, Sérgio Besserman, Nilton Nadruz, Roberta Sudbrack, Maria Lucia Montes
Paisagismo: Raul Pereira
Programação Visual: Fábio Arruda, Rodrigo Bleque
Pesquisa: Danilo Watanabe, Natasha Felizi
Coordenador de Projeto: Lucas Arruda
Imagens 3D: Sérgio Zancopé e Bruno Caio
Texto: Francesco Perrotta-Bosch
Pavilhão do Brasil da Expo Milão 2015
Este não é um edifício que abriga uma exposição.Este edifício é a exposição. Esta exposição é o edifício.
Arquitetura e expografia são disciplinas que se misturam no processo de elaboração do Pavilhão do Brasil da Expo Milão 2015.
O Brasil pode crescer sua produtividade rural em 40% sem derrubar uma árvore. O caminho para o futuro nos direciona necessariamente para a preservação dos ecossistemas e o investimento em sofisticadas técnicas em prol da coexistência da natureza com o crescimento da produção agrícola.
Como mostrar o Brasil como uma nação aberta a todos? A resposta se constitui a partir do importante diálogo entre natureza e técnica, expresso de maneira viva no Pavilhão. Com uma construção hermética, segregaríamos o interior do edifício do contexto natural ao redor; além de, conceitualmente, negar a vocação brasileira do convívio entre as diferenças. Entretanto, um prédio totalmente aberto também seria inconveniente ao trazer a multiplicidade de estímulos visuais e a agitação, próprias a exposições universais, para dentro do espaço brasileiro. A solução busca um equilíbrio por meio de uma permeabilidade controlada, que permita ao visitante vivenciar a relação com as temperaturas, as chuvas, o vento, o meio ambiente em si; percebendo sua presença e protegendo-se de sua violência sempre que necessário.
A fachada é composta por placas giratórias de aproximadamente 1×1 metro, criando jogos de luz e sombra que cambiam numa velocidade a explicitar a presença da natureza que nos envolve, a necessidade de respeitá-la e o campo de possibilidades que ela nos provê se soubermos aproveitar de modo sustentável. Em cada peça dos brises, serão aplicados bonecos feitos em estanho (totalizando 5800 em todo o edifício), representando a multidão de homens e mulheres que deverá ser alimentada em 2050. A solução projetual também cumpre a função de apresentar o Brasil como um país em contínua metamorfose. Uma nação jovem, múltipla, mestiça e criativa, que ali apresenta sua aptidão de surpreender. Tais capacidades revelam-se na imagem em constante movimento do Pavilhão.
1.Situação
A construção ocupa todo o espaço disponível do terreno, alinhando as fachadas ao perímetro do lote. Com isso, no núcleo da edificação, faz-se uma praça pública ao ar livre. Resguardando-se da multiplicidade de fluxos e estímulos das vias da Expo, a construção deste vazio resulta em um recinto que, em si, já é parte fundamental da exposição.
2.Circulações de acesso
Cada uma com características específicas, as seis entradas dispostas nas diferentes faces da construção encaminham para o vazio interno e para as rampas que constituem o percurso expositivo. Com dimensões menores, os espaços internos de passagem no rés-do-chão foram desenhados de maneira a intensificar a sensação de grandiosidade no momento em que o visitante se depara com a área livre central.
3.Percurso
Constituindo-se o percurso, faz-se a exposição. Na sequência das rampas, apresenta-se o conteúdo. Não há portas que segmentam espaços. Não há salas. Há largas e generosas passagens suavemente inclinadas que dão forma a um contínuo expositivo, como uma fita que se desdobra em sentido ascendente, envolvendo a praça pública interna e chegando à cobertura de caráter popular que nos remete a uma feira livre.
4.Circulação vertical e saídas
Se a circulação principal acontece nas rampas, propõem-se alternativas com caixas de escada e elevadores destinados aos serviços de funcionamento e administração, além de ao público Vip. Das quatro saídas independentes, destacam-se os dois escorregadores que trazem uma dimensão lúdica para o interior da exposição. Uma solução singela e econômica para o escoamento, que incita à diversão.
5.Fachada
O invólucro do Pavilhão é composto por brises controlados por dispositivos eletrônicos que permitem o giro dos painéis em 360º a cada 5 minutos. O movimento dessas placas permite a ventilação cruzada, com total controle da movimentação de ar natural desejada no interior da edificação. Assim, a constante transformação das fachadas se dá por meio do movimento de abrir e fechar dos componentes.